O vereador Marcelo Lajes fala da importância da discussão coletiva sobre Segurança |
“Está na hora de Nova Iguaçu ser ouvida, falar pra fora e receber do Estado o cuidado necessário quando o assunto é segurança”. Assim, Jayme Soares, presidente do Conselho Municipal de Segurança, Direitos Humanos e Cidadania de Nova Iguaçu (Conseg) iniciou sua fala durante a audiência pública que aconteceu na manhã da última quarta-feira (11), na Câmara de Vereadores. Durante quase 4 horas, representantes do Legislativo, Executivo, polícias civil e militar, organizações sociais, pesquisadores sobre o tema e a população em geral estiveram reunidos apresentando ideias e discutindo caminhos para combater os altos índices de criminalidade que assolam a cidade. Uma ausência foi lamentada por todos, a do Gabinete de Intervenção Federal.
Pesquisador e professor do Laboratório de Análise da Violência da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Doriam Borges, apresentou
estudos com números assustadores: em 15 anos, de 2003 a 2017, 30 mil pessoas
foram assassinadas em Nova Iguaçu. Negros representam 75% dessas vítimas.
Segundo Adriano Araújo, coordenador do Fórum Grita Baixada, a Baixada
Fluminense figura com o dobro da porcentagem de homicídios que acontecem na
cidade do Rio de Janeiro. “E quem fala sobre isso? Só ouvimos os meios de
comunicação falarem dos acontecimentos da capital do Estado. As políticas de
combate à violência precisam chegar aqui também”.
Conduzido pelo vereador Marcelo Verdam Lessa, Marcelo Lajes, presidente
da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, com o apoio do vereador
Carlinhos BNH, da mesma comissão, o encontro apontou que garantir uma segurança
de qualidade, para toda sociedade, não é apenas responsabilidade das polícias,
com medidas repressivas, mas é um assunto que passa pela garantia de cidadania,
educação, esporte, iluminação pública, etc. “Segurança é responsabilidade de
todos nós”, disse o comandante do 20º Batalhão de Polícia Militar, Alexandre de
Souza Rodrigues. Ele solicitou que todos os segmentos sociais participem das
atividades da corporação, como o ‘Café Comunitário’, e apresentem suas demandas
e propostas. “Queremos ouvir todas as pessoas”.
A diretora de Direitos Humanos da Secretaria municipal de Assistência
Social, Dayse Marcello, disse que está em construção o Plano de Direitos
Humanos de Nova Iguaçu. “Desejamos realizar uma grande conferência, em maio,
para finalizarmos este documento que irá dar norte às nossas ações”.
Organizador do evento, com o apoio da Câmara Municipal, Sincovani (Sindicato do
Comércio Varejista de Nova Iguaçu) e Sindicato dos Químicos, Jayme Soares,
divulgou as propostas do Conseg, algumas em fase de estudo pela prefeitura,
outras em discussão com os vários segmentos sociais: Elaboração do Plano
Municipal de Segurança; Criação da guarda municipal; Reativação do Conig; Criação
do Fundo Municipal de Segurança; Criação de grupos de voluntários para
trabalharem nas delegacias de Polícia; Criação de um Observatório nas
universidades locais para estudo dos dados da violência; Ações conjuntas com as
secretarias municipais para o combate à violência contra a mulher, às drogas e
à intolerância religiosa; e Visita ao Gabinete de Intervenção junto com
representantes dos Poderes Legislativo e Executivo.
Convidados, participaram da audiência os delegados titulares da 52ª DP,
58ª DP e 56ª DP, Luis Cláudio Cruz, Carlos César Santos e Marcos Peralta,
respectivamente, e o subcomandante do 3º CPA Ivan do Espírito Santo. Como
integrantes da mesa, participaram as autoridades: delegada Sandra Ornellas, da
Dean/NI; Coronel Penteado, secretário municipal de Segurança Pública; Elaine
Medeiros, secretária municipal de Assistência Social; e o vereador do município
do Rio, nascido em Nova Iguaçu, Jones Moura.
Os vereadores Felipinho Ravis, Carlão Chambarelli, Paulinho da Padaria e
Renata da Telemensagem estiveram presentes ao debate. Renata prestou uma
homenagem ao grupo “Rede de Mães”, formado por mães que são parentes de vítimas
da violência na Baixada. Cada uma recebeu uma Moção de Congratulações e
Aplausos em reconhecimento à luta por uma sociedade mais justa.
Documento da audiência será redigido e encaminhado ao Ministério Público
Federal pelo Conseg. No próximo dia 24 (terça-feira), às 9 horas, acontece nova
reunião sobre o mesmo tema, agora organizado pelo Conselho Comunitário de
Segurança, também no plenário da Câmara, Rua Prefeito João Luiz do Nascimento,
38, Centro.
Divulgação/CMNI
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