*Jorge Gama
A base da democracia
representativa é o voto popular e direto e, com ele, podemos mudar o cenário
político que nos sufoca e nos explora, retirar o ineficiente ou expulsar os desonestos
da vida pública.
Individualmente, quase sempre
duvidamos do poder do nosso voto, tendemos a achar que ele, por si só, não terá
a força suficiente para mudar um cenário político adverso.
As campanhas eleitorais, em muitos casos, contribuem para essa sensação
de impotência do eleitor diante do processo eleitoral, em outros casos pela
falta de clareza dos partidos em apresentar ou determinar que seus candidatos apresentem
o programa de seu respectivo partido.
As coligações partidárias que deveriam, do ponto de vista doutrinário,
expressar uma aliança entre os partidos e seus programas, em defesa de teses de
interesse político ou administrativo, transformam-se em conchavos individuais para
atender aos objetivos meramente eleitorais.
Todas essas anomalias
concorrem para aumentar o descrédito do cidadão sobre o peso de seu voto para a
conquista das mudanças.
A reforma política, que poderia aperfeiçoar a nossa democracia e
melhorar a representação, segue sendo postergada.
O nosso voto, apesar de todas
essas barreiras, fez avançar nossas conquistas democráticas.
Agora, estamos diante do
debate sobre a ficha limpa, onde os candidatos e os partidos terão que
selecionar melhor seus quadros eleitorais.
A bem da verdade a questão da
ética não deve ser cobrada apenas dos políticos.
A ética é um dever de todos os
que vivem em sociedade, principalmente os que desempenham funções públicas.
Políticos, jornalistas,
magistrados, policiais, representantes do Ministério Público, presidentes de
associações profissionais, líderes religiosos, todos estão sujeitos à regra de convivência
e de comportamentos éticos.
Ainda não se cogitava da “lei da ficha limpa” para os políticos e numa
palestra que fiz sobre o Dia da Baixada, comemorado no dia 30 de abril, no
espaço central do Shopping Grande Rio, fui questionado em quem se deveria votar
em São João de Meriti. A pergunta me
obrigaria a criticar o prefeito, muito desgastado, mas que era do meu partido, o PMDB.
obrigaria a criticar o prefeito, muito desgastado, mas que era do meu partido, o PMDB.
Diante do silêncio e da expectativa do público pela minha resposta, eu,
que não sou amante do improviso, e nem de respostas evasivas, mesmo sabendo que
se tratava de pura provocação, pude responder o seguinte: “Leia a bula”.
“O senhor quando leva seu
filho ao pediatra e ele receita um remédio, qual é sua primeira providência,
antes de dar o remédio à criança?”, perguntei e logo tratei de responder: “O senhor,
é claro, lê a bula”.
Todo político vem acompanhado da sua própria bula e nela encontraremos
as indicações para o seu uso, mas principalmente as contra-indicações, as reações
adversas tais como: taquicardia, sonolência, reações alérgicas, cansaço, os
efeitos colaterais indesejáveis.
Há casos em que o medicamento
já não faz nenhum efeito, há remédios vencidos e sua
aplicação deve ser suspensa ou torna-se perigosa.
aplicação deve ser suspensa ou torna-se perigosa.
Cada candidato vem acompanhado
de sua própria bula, evite os efeitos colaterais.
Pude observar, pela reação da
plateia, que resposta foi didática.
Portanto, com ou sem “lei da
ficha limpa”, conheça melhor seu candidato antes de votar: “Leia a bula”.
P.S.: “Numa democracia o
direito de ser ouvido não implica no direito adicional de ser levado a sério”.