Não sou astrólogo, vidente, médium ou qualquer coisa que vale o
adjetivo de “enxergador” do futuro. Mas também não sou cego e, sendo assim, é
possível olhar o que está a minha frente. Ouso dizer que nas próximas eleições
os candidatos vão enfrentar o ápice do desacreditamento do povo em relação à
classe política. E se você pensa que está ruim, não duvide que o ruim tende a
piorar e terá efeito mais intenso nessas eleições municipais, confirmando o
comportamento dos últimos pleitos. Pelo menos é assim que analiso.
É natural uma renovação na ordem de 60% na Câmara. A história está aí e
não mente. Basta pesquisar e ver o quanto ela vem se renovando no tempo e a
cada eleição. Se é para bom ou ruim, prefiro não avaliar neste artigo, mas digo
que é para pior no meu ver. E olha que a relação entre o eleitor e o vereador é
mais próxima. Mas como disse, mesmo assim a cada eleição municipal a renovação
na Câmara ultrapassa a casa dos 60%. Mas, e o Poder Executivo? Então vamos lá:
Se a Câmara Municipal ao longo dos anos vem mantendo a tradição de
superar a casa de 60% de renovação, olhando para o Poder Executivo Municipal o
futuro do prefeito Rogerio Lisboa não é nada bom. Inspira muito cuidado. Ainda
mais com essa Torre de Babel que ele montou e com a sua relação com a Imprensa
local. Ele pode perder o cargo e a pose neste seu primeiro mandato. Não é julgar
a qualidade do governo, que no meu ponto de vista é ruim com inclinações para
péssimo. Baseio-me no que tem ocorrido nas últimas eleições para prefeito.
Sheila Gama (PDT), que governou Nova Iguaçu após a
desincompatibilização do ex-prefeito Lindbergh Farias (PT) – ele que concorreu
ao Senado Federal –, montou uma chapa robusta nas eleições de 2012. Agregou uma
grande base partidária e ainda era a detentora da máquina. Sheila possuía a
caneta e seu principal adversário, Nelson Bornier, teve que disputar no segundo
turno contra a prefeita e uma turma formada, entre eles, Rogerio Lisboa, Walney
Rocha, Rosângela Gomes e mais. Além disso, tinha o PT como vice, na época na
figura de Alberto Cantalice, e o PCdoB, do então candidato Waguinho Pagodeiro e
do ex-vereador Fernando Cid. Bornier venceu todos numa disputa de mais ofensas
entre ambos do que de propostas políticas para todos.
Na eleição seguinte foi a vez de Bornier, filiado ao PMDB que sofria
toda uma sorte de denúncias junto com o PT, enfrentar o atual prefeito Rogério
Lisboa (DEM). Rogerio se apresentou como o novo no cenário e o desgaste de
Bornier, que acumulava atraso nos salários dos servidores, também pesou. O
efeito de possuir a caneta durante uma disputa eleitoral.
Agora é a vez de Rogerio Lisboa, também detentor da
caneta, ensaiar a sua candidatura a reeleição. Dizem, e só o tempo poderá
confirmar, que Lisboa não será candidato. Caso contrário e ele resolva buscar a
reeleição terá como adversário principal a dificuldade da reeleição, essa que
nas últimas duas eleições derrubou dois prefeitos. Então ele, que é meio
prefeito, se quiser vencer mais uma eleição terá que subir mais ao monte
redobrado. *Almeida dos Santos é jornalista.