Para quem chegou aos 100 anos
de existência, agora qualquer aniversário tem um certo sabor se prorrogação de
um jogo que na verdade já deveria ter terminado. E dizemos isso porque, no
Brasil atual, manter a tradição sustentada no respeito à história é tarefa
hercúlea, quase um trabalho de Sísifo. É remar contra a maré. Vivemos uma fase
tão regressiva que tudo aquilo que permanece espanta todos aqueles que se
deixaram levar pela cultura perversa e destruidora do descartável, em que tudo
é destinado a virar bagaço a caminho do lixo.
Neste sentido, manter um
mínimo de qualidade, de seriedade em relação aos fatos que tecem a nossa vida
cotidiana, construindo aqui e agora o que será história amanhã, convenhamos,
não é tarefa fácil.
O fato é que, muito antes
dessa realidade, de um tempo que vai se dissipando no próprio registro
histórico, Silvino de Azeredo, um homem de perfil imperial – nasceu em 1859 –,
mesmo sendo o patrono desta teimosia que caracteriza os Azeredos, num estranho (para
ele) exercício de futurologia no início do século XX, jamais poderia imaginar
que o seu CL chegaria a essa marca centenária.
De 1917 a 2019, 102 anos se
passaram. Ao longo de todo esse tempo o CL foi testemunha de mudanças
significativas na história social, política, econômica e cultural de Nova
Iguaçu.
Infelizmente agora, nestes
dias tormentosos que abalam o Brasil – um país que apresenta sinais de
desagregação social, no pique da violência e da degradação moral –, o CL chega
aos 102 anos vendo prosperar tudo aquilo que combateu ao longo de sua
existência.
Em oposição a esta caótica
ordem dominante, o exemplo de Silvino de Azeredo, de seus descendentes e de
todos os inúmeros colaboradores que deram a vida é caráter ao velho Lavoura,
nos anima a celebrar mais uma etapa vencida, na certeza de ter trilhado esta
longa jornada com a segurança e a coragem daqueles que conhecem o seu caminho.
Do Editor.