Por Almeida dos Santos
Quando o Cleiton de Souza Rodrigues ocupou o cargo se secretário municipal de Governo, logo assim que o prefeito Rogerio Lisboa tomou posse, estava impresso na imagem da administração iguaçuana o papel que o ex-governador Garotinho teria na gestão. Cleiton foi indicado por Garotinho para acompanhar e ajudar Rogerio. Ele teria, entre outras funções, o papel de ser o interlocutor entre Rogerio Lisboa e Anthony Garotinho. Mas, por desencontros políticos com a primeira-dama, ela que no início da gestão de Lisboa era a pessoa que dominava com punhos de aço as mãos de ferro do prefeito, Cleiton deixou a administração municipal. Começava ali a ruptura política entre Lisboa e Garotinho, este último que de certa forma foi um dos cabos-eleitorais mais fortes que Lisboa possui na então disputa eleitoral contra Bornier, nas eleições de 2016, e que fez de Lisboa o vencedor.
Hoje Cleiton ocupa o cargo de chefe de gabinete do governador Wilson Witzel e mantém a sua ligação com Garotinho. Mas nesse tempo sequer Cleiton foi às redes sociais ou mesmo demonstrou qualquer revanchismo contra aquele que de certa forma não o exonerou, mas provocou a sua saída do governo depois de tensos momentos com Rogerio Lisboa.
No momento em que houve o racha político, Lisboa não esperava que mais adiante surgiria o nome do Garotinho sendo um dos principais aliados na figura daquele que viria a ser o governador do Estado do Rio de Janeiro. Isso mesmo! Falo do Wilson Witzel, aliado de Garotinho e que não só colocou Cleiton Rodrigues como o seu chefe de gabinete, como também mantém boa relação com o adversário de Lisboa nas eleições de 2016, o então prefeito Nelson Bornier.
Há quem diga que a relação do Bornier e do Cleiton com o prefeito vai bem e cordial. E não duvido. Mas essa cordialidade não configura uma aliança política cujo palanque da disputa eleitoral municipal possa unificar todos eles. E se houver essa aliança, soará estranho para o eleitorado. Mas vem o que é mais grave. Se houver a aliança, ainda que velada, o pior pode acontecer: Lisboa ter contra si três adversários de peso: Nelson Bornier e Garotinho e Cleiton Rodrigues, é claro. Como já disse, ele deixou Nova Iguaçu levando na mala um pouco do sentimento de ingratidão que recebeu do prefeito Rogerio Lisboa.
Se por estar na cadeira mais cobiçada no âmbito municipal já agrega em seu entorno adversários vários, eles que são do âmbito local, o prefeito Rogerio Lisboa, caso coloque o seu nome na disputa de uma reeleição sentirá os efeitos das rupturas do passado que hoje estão com forças dentro da máquina poderosa que é o governo do Estado.
Rogerio Lisboa deverá medir nos próximos dias as suas probabilidades de uma reeleição. Deverá recorrer às pesquisas de intenção de voto e a avaliação do governo. Mesmo que os resultados sejam positivos e favoráveis, uma coisa é certa: neles não estarão aferidos os efeitos desta adversidade que parece estar guardada para o futuro. E se os resultados atuais se revelarem desanimadores, mais adiante eles podem piorar. Mas a vida segue e política é uma caixinha de surpresas. Coisas dos ecos do passado estão para reverberar no futuro. Mas isso não será surpresa observando o passado.