No último dia 29 de abril
(segunda-feira passada) ocorreu na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
em Nova Iguaçu, no Instituto Multidisciplinar, a segunda defesa de dissertação
do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio, Cultura e
Sociedade (PPGPACS). Com o título “O que não salvaguarda, o racismo
leva: a pertença das comunidades de terreiro nos processos de tombamento do
IPHAN”, o estudo
apresentado por Luciane Barbosa
de Souza investigou os processos de tombamento
dos terreiros de matriz africana promovidos pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) correlacionando-os às
lutas sociais antirracistas, pelo reconhecimento da herança africana, memória e
pertencimento do povo negro, em defesa da diversidade cultural, da democracia e
da laicidade.
O
estudo de Luciane Barbosa foi apresentado para uma Banca formada por
professores doutores altamente qualificados do campo interdisciplinar do
patrimônio cultural, de diferentes Instituições de Ensino Superior (IES) e do
próprio PPGPACS, a saber: Márcia
Regina Romeiro Chuva (Historiadora do Programa
de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Estado do Rio de
Janeiro – PPGH/UNIRIO), Luís Cláudio de Oliveira (Antropólogo da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro/Faculdade de Educação da Baixada
Fluminense – UERJ/FEBF), Raquel Alvitos Pereira (historiadora e pesquisadora do
PPGPACS/UFRRJ) e Otair Fernandes de Oliveira (cientista social, coordenador do
PPGPACS/UFRRJ, orientador e presidente da Banca).
Diante desta Banca de especialistas e de um auditório lotado
por membros das comunidades de terreiros de matriz africana, técnicos do
INEPAC, universitários da UFRRJ e outras IES, mestrandos do PPGPACS e parentes,
a mestranda Luciane Barbosa apresentou as principais idéias e o resultado da
sua pesquisa destacando três momentos ou fases
das políticas de preservação dos terreiros durante quase quatro décadas de
política de preservação cultural no Brasil. Afirmou que, apesar das mudanças institucionais ocorridas
nos últimos anos no IPHAN, que é o órgão do governo federal responsável pela
condução da política de preservação do patrimônio cultural no país desde 1937,
“o tombamento dos terreiros de candomblé ainda estão restritos aos conceitos de
patrimônio presentes no livro histórico e no livro etnográfico”. Em seus 82 anos, o IPHAN tombou apenas 11 terreiros de matriz
africana e todos localizados na região nordeste do país (um no Maranhão, nove
na Bahia, e um em Pernambuco). Finalizando a apresentação ressaltando a importância
da sociedade civil organizada, sobretudo, dos povos e comunidades dos terreiros
nesses processos de tombamento.
Após
a apresentação, a mestranda ouviu os comentários críticos dos membros da Banca
que apontaram lacunas e problemas na pesquisa, mas ressaltaram a importância do
estudo e sua contribuição para o campo de estudos e das políticas do patrimônio
cultural no Brasil, sobretudo, voltados para os afro-brasileiros e comunidades
de terreiros de matriz africana. Aprovado pela Banca, Luciane Barbosa de Souza
se tornou a segunda mestra do PPGPACS. A pesquisa de Luciane contou com o apoio
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Quem
venham as próximas defesas!
Axé
Nguzo
(Texto
elaborado por Sandra Regina e Fabiano
do Rosário Vieira)