Uma cirurgia de captação de
pulmão foi realizada pela primeira vez no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI)
na última quarta-feira (10). Pelo menos quatro equipes cirúrgicas participaram
do procedimento, que durou aproximadamente cinco horas. A doadora foi uma
mulher de 25 anos, que teve morte cerebral confirmada após ser vítima de um
disparo por arma de fogo. Além dos dois pulmões, também foram captados o
coração, dois rins, o fígado e as córneas. Os órgãos poderão ajudar a salvar a
vida de até sete pessoas que necessitam de transplante.
Os pulmões foram captados para
o projeto “Pulmão Carioca”, uma parceria entre o Programa Estadual de
Transplantes (PET) do Rio de Janeiro, com o Sistema Estadual de Transplantes
(SET), de São Paulo. O coração, os dois rins e o fígado foram encaminhados a
pacientes que aguardam transplante em lista única definida pelo Sistema
Nacional de Transplantes (SNT). Já os tecidos, incluindo as córneas, foram para
um banco de armazenamento, onde passam por um preparo para serem utilizados
quando necessário.
Na madrugada desta quinta-feira
(11) mais um procedimento de captação de órgãos foi realizado no HGNI. A
família de um paciente de 58 anos, que teve traumatismo craniano e
consequentemente morte encefálica, autorizou a doação de seus órgãos. Foram
captados os dois rins e o fígado.
“Nenhum familiar está
preparado para receber uma notícia triste de morte encefálica. Mas quando isso
infelizmente acontece, ficamos diante da possibilidade de salvar a vida de uma
pessoa que esteja aguardando na fila de transplantes. Para isso a família tem
papel fundamental. É uma preocupação nossa dar apoio à família. Ela é acolhida
e tem a opção de fazer a doação de órgãos”, explica o diretor geral do HGNI,
Joé Sestello.
A captação de pulmão é
considerada uma cirurgia difícil pois o órgão é delicado e acaba se
deteriorando mais rapidamente que outros. Por isso, o transplante precisa ser
realizado em poucas horas. “É uma captação complexa. O doador precisa ser
identificado rapidamente e a manutenção do órgão é mais difícil devido ao risco
de infecção. O pulmão é mais fácil de infectar. Então agimos rápido, pois o
mínimo sinal de infecção inviabilizaria a doação”, explica o médico Thiago
Barcellos, subcoordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e
Tecidos para Transplante (CIHDOTT) e médico de rotina do CTI do HGNI, que
acompanhou a cirurgia.
De acordo com a coordenadora
da CIHDOTT, Roberta Carvalho, a família do doador possui o papel fundamental
para a realização de todos os procedimentos de captação. “Tudo isso é possível
graças a família do doador, que mesmo em um momento de perda e tristeza,
exerceu o seu direito de doar, oferecendo a outras pessoas que precisam de um
órgão a possibilidade de ter um recomeço”, afirmou a médica.