Por Thiago Rachid
Na última quinta-feira, dia 17 de outubro, o Tribunal de Justiça negou um terceiro recurso da Câmara Municipal de Nova Iguaçu na ação de despejo movida pela proprietária do prédio em que o Poder Legislativo municipal está instalado.
Este episódio é mais um capítulo de uma constrangedora novela que acompanha nossa Câmara Municipal há décadas, pois não é de hoje que a edilidade passa por apertos na sua estrutura física.
Por muito tempo ela esteve instalada em um andar de um acanhado prédio na não menos acanhada Travessa Rosinda Martins. Um prédio sem acessibilidade, sem identidade e com um aluguel caríssimo. Com a transferência do templo da congregação Nova Vida para um edifício próprio na Rua Iracema Pereira Junqueira e a consequente desocupação do prédio que ocupava na Rua João Luiz do Nascimento, parecia que, enfim, a Câmara Municipal teria instalações à altura da casa do povo. O drama, porém, continuou devido a questionamentos do Ministério Público sobre a ocupação do edifício e com a posterior intenção dos proprietários de reaver o imóvel.
Não nos parece fazer sentido que a Cidade permaneça nesse litígio desgastante e constrangedor por mais tempo. Ainda mais se temos um edifício histórico na Cidade em lamentável processo de decadência como é o caso do antigo Fórum de Nova Iguaçu, o Fórum Itabaiana, localizado em frente à Estação de Nova Iguaçu, o marco zero de nosso município.
A urgência da preservação daquele belo e histórico edifício art deco do antigo Fórum, subutilizado por serviços públicos que poderiam ser desempenhados em estruturas menores e menos privilegiadas, combinada com a incipiente necessidade da Câmara Municipal de encontrar novo e definitivo abrigo, impõe às autoridades municipais o dever de dialogar com o Poder Judiciário, proprietário do edifício, e com os atuais ocupantes para avaliar a possibilidade de ocupá-lo.
Essa seria uma conquista histórica para o nosso município. A Câmara Municipal tem recursos para a manutenção e preservação do prédio, teria a possibilidade de instalar-se em endereço nobre e definitivo e a Cidade teria seu Poder Legislativo ainda mais próximo do povo.
Os recursos hoje gastos com locação poderiam ser aplicados na preservação do imóvel que abrigaria os vereadores com muito mais conforto para eles, para os funcionários e para os cidadãos que os procuram em seus gabinetes.
É uma combinação que conjuga eficiência nos gastos públicos, preservação da história de Nova Iguaçu e fortalecimento da cidadania e da identidade iguaçuanas. Trata-se de uma oportunidade dessa Legislatura entrar para a história de Nova Iguaçu com um grande feito que encerrará uma velha e humilhante novela para o nosso Poder Legislativo.
Mas essa não deve ser uma luta apenas dos vereadores que, sabemos todos, agem mais por conveniência política do que pelo interesse público. É dever de todos os que estão lendo essa mensagem e gostam da ideia apoiá-la, pressionando as autoridades a chegar a um entendimento para dar ao prédio essa destinação. Não, não é impossível, nem difícil que isso aconteça. É trabalhoso, é cansativo, demanda reuniões, construção de consensos e retira a vereança da sua habitual zona de conforto. Mas é, como dissemos, uma chance para eles entrarem para a história e para a Cidade ter um grandioso ganho patrimonial, histórico e político.