Os iguaçuanos que passaram pela Praça Rui Barbosa e pelo calçadão, no Centro, na manhã do último sábado (18), ficaram surpresos e emocionados com o tradicional Encontro de Folia de Reis, um festejo secular que foi resgatado e promovido pela Prefeitura e faz parte do calendário de comemorações pelo aniversário de 187 anos da cidade de Nova Iguaçu, iniciado na última quarta-feira. O cortejo contou com os grupos Nova Jerusalém, do bairro Figueira e Estrela do Oriente, sendo um do Carmari e outro do Caonze, formado por crianças, adultos e idosos, que levaram alegria e diversão, mostrando a importância da valorização cultural passada entre gerações.
Os foliões se concentraram na Praça Rui Barbosa, no Centro. Antes de seguir com o cortejo, a Prefeitura homenageou três figuras marcantes dos grupos de folia: mestres Gigante, Pipoca e Nego. O vice-prefeito do município, Carlos Ferreira, e os secretários de Cultura, Marcus Monteiro, e Meio Ambiente, Agricultura, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Fernando Cid, entregaram os certificados pelos serviços prestados por eles à cultura de Nova Iguaçu. Cid relembrou que Nova Iguaçu promoverá, este ano, o Festival de Folia de Reis.
“O Encontro de Folia de Reis é o resgate de uma tradição que estava desaparecendo. O esforço da Prefeitura é fortalecer a cultura popular e preservar essa belíssima tradição que está incorporada ao povo brasileiro, sobretudo ao da Baixada Fluminense”, destaca o vice-prefeito Carlos Ferreira, que elogiou a mobilização cultural. “Estamos vendo hoje, de fato, pessoas idosas e muito novas, um bom sinal de que essa tradição vai prosperar”.
Com o início do cortejo, as pessoas pararam o que estavam fazendo no Calçadão de Nova Iguaçu para acompanhar a passagem dos grupos. Na era dos smartphones, não faltaram câmeras gravando as apresentações. Segundo o secretário municipal de Cultura, Marcus Monteiro, a Prefeitura seguirá apoiando as manifestações. “É muito importante manter essa tradição que é secular. A Prefeitura tem essa sensibilidade com as manifestações culturais e está oferecendo todo o apoio necessário”, destaca ele, que garantiu outros eventos culturais ao longo de 2020, decretado pelo prefeito Rogerio Lisboa como “Ano do Patrimônio Cultural Iguaçuano. “O decreto espelha essa preocupação e orientação para que esse ano muita coisa aconteça em prol do patrimônio, tanto imaterial, como a folia dos reis, quanto material”.
A crença religiosa para os integrantes dos grupos da folia de reis foi muito importante para Gidalto de Oliveira Ramos, de 44 anos, mais conhecido como mestre Gigante, do grupo Nova Jerusalém. Folião desde os 11 anos, por tradição na família, ele viveu um momento complicado no fim de 2019, quando um exame feito em sua esposa constatou câncer. Com fé e muita devoção ele fez suas orações pedindo para que ela não tivesse a doença. “Eu ajoelhei na minha bandeira, fiz minhas orações e pedidos, primeiramente a Deus e depois a Santo Reis, para que minha esposa não tivesse nada. Quando retornamos com o exame, o médico constatou que não era câncer”, relembra ele emocionado. “O apoio da Prefeitura é fundamental à Folia de Reis porque essa é uma cultura que estava sendo esquecida e morrendo por falta de recursos e desconhecimento da população. Eu mesmo pensei em parar, mas minha esposa me incentivou a continuar. Então receber esse apoio da Prefeitura é muito bom para manter as tradições e divulgar o trabalho”.
Quando era pequeno, o auxiliar administrativo Guilherme da Rocha, de 28 anos, escutava inúmeras histórias da avó. Uma delas era sobre a folia de reis. Ao assistir ao cortejo deste sábado, ele voltou no tempo e viu pela primeira vez uma apresentação. “Só tinha ouvido falar, mas nunca visto, apenas fotos na internet. Achei sensacional. Nova Iguaçu precisa trazer mais dessa cultura para o povo”, conclui.