A confecção desse equipamento de proteção individual tem aquecido o empreendedorismo no setor, gerando renda em meio à pandemia do coronavírus |
Quinze mil máscaras produzidas de março a maio deste ano por costureiras de municípios da Baixada Fluminense. A confecção desse equipamento de proteção individual tem aquecido o empreendedorismo no setor, gerando renda em meio à pandemia do coronavírus. O dado foi divulgado por Dulcilene Aragão, da Moda By Comunidade, durante roda de conversa virtual realizada, nesta quinta-feira (25), pelo Fórum de Desenvolvimento Estratégico da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
“Em meio a tudo o que está acontecendo conseguimos nos superar e gerar renda para as nossas costureiras e até mesmo para os motoristas de aplicativos que fazem entregas da Baixada Fluminense para bairros da Zona Sul da cidade do Rio, onde estão localizados nossos maiores consumidores de máscaras”, contou Dulcilene, que trabalha com oficinas solidárias de corte, costura e modelismo em comunidades carentes desde 1993. Ela acrescentou ainda que as costureiras estão produzindo bolsas com frases contra violência doméstica a serem comercializadas em mercados.
Outras participantes da videoconferência falaram sobre a comercialização de produtos, geração de emprego e os desafios impostos pela pandemia. A representante da Josefinas Coletivo Colab e Espaço Cultural, Aira Luana, afirmou que o trabalho em rede é fundamental. “Temos mais de duzentas mulheres em nossa rede, e precisamos estar conectadas para ampliar ainda mais nosso trabalho. Nosso espaço está voltado para realização de eventos com temáticas raciais através da costura. Acredito que as mulheres devem empreender e construir sobrevivência, ainda mais nesse momento delicado que estamos passando”, destacou Aira, do espaço Josefinas, que funciona em uma casa em Campo Grande, na Zona Oeste da capital fluminense.
Com o grande número de desempregados por conta da propagação do coronavírus a fome virou uma grande questão para muitas famílias no estado. De acordo com Ana Félix, do Espaço M.A.L.O.C.A, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, houve um aumento no cadastro de famílias no local após o início da pandemia. “Tínhamos 50 famílias cadastradas em nosso espaço. Agora são 350 e precisamos de parceiros para doações de cestas básicas, ou seja, houve um aumento muito grande em nossa demanda. O espaço foi criado para feiras de artesanato, mas neste momento o importante é atender às necessidades das pessoas que nos procuram para resolução dos mais variados tipos de casos, como também a violência doméstica, que aumentou após a pandemia”’, ressaltou Ana.
RIO DE IMPACTO
A roda de conversa é parte das ações do Rio de Impacto e foi proposto pela incubadora de negócios sociais Impacta Mulher e pela Rede Cooperativa de Mulheres Empreendedoras. O movimento é uma iniciativa formada por treze instituições atuantes no mercado fluminense, que se reuniram com o objetivo de fomentar o ecossistema de negócios de impacto social e ambiental. Dentre elas está a Alerj, que assumiu a coordenação do movimento no final de 2019, por meio do Fórum da Alerj de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio.
A secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio e mediadora do debate, Geiza Rocha, falou sobre a aprovação da lei 8571/19, que prevê a criação de um Comitê Estadual e Investimentos e Negócios de Impacto Social, com participação paritária entre órgãos do Poder Executivo, instituições e organismos representativos do setor produtivo. “Precisamos de uma regulamentação, que está sendo analisada pela secretaria de fazenda”’, explicou Geiza. Ela fez um balanço positivo ao final da reunião. “Esse momento delicado nos faz pensar ainda mais no trabalho em rede e na importância de estarmos conectados. Falar sobre essa conexão e solidariedade é muito importante’’, concluiu Geiza.