Novembro não é só azul. Ele também é roxo. Essa cor simboliza o mês da conscientização mundial sobre a prematuridade de bebês. Na Maternidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, referência no atendimento de alta e média complexidade às gestantes da Baixada Fluminense, em média, 8% dos bebês nascem prematuros, ou seja, antes de completar as 37 semanas de idade gestacional.
A taxa é um pouco menor se comparada aos dados do Ministério da Saúde e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Pelos números dessas entidades, 11,7% dos nascimentos no Brasil acontecem antes do previsto, sendo essa a principal causa de mortalidade infantil antes dos cinco anos de idade.
O caso de Renata Moreira de Oliveira, de 25 anos, retrata o cuidado que a Maternidade Mariana Bulhões oferece aos prematuros que são atendidos na unidade. Graças aos cuidados e a atenção com os bebês, a unidade registrou o menor índice de mortalidade na UTI Neonatal nos últimos seis anos.
Com 27 semanas de gestação, Renata apresentou quadro de pré-eclâmpsia (hipertensão na gravidez). Como a doença afetou a saúde do bebê, a equipe médica da Maternidade Mariana Bulhões precisou antecipar o parto. A pequena Aghata nasceu em 29 de outubro, pesando 770 gramas e precisou ser levada à UTI Neonatal para cuidados intensivos. Diariamente, a mãe visita a filha e vê sua gradual evolução da saúde.
“Nunca imaginei que fosse passar por isso, pois tudo aconteceu de repente. Viver a experiência de ter uma filha prematura, visitando ela todos os dias, me fez ver o quanto as crianças precisam da presença do pai e da mãe nesses momentos. Isso ajuda na evolução do bebê”, conta ela, que revelou a expectativa da família pela recuperação. “Minha filha mais velha pergunta a todo momento ela irmã. Vejo de perto o cuidado dispensado pela equipe da maternidade para a Aghata. Torço para que se recupere e possamos ir juntas para casa”, completa Renata.
Diretor geral da Maternidade Mariana Bulhões, Adriano Pereira ressalta a relevância do Novembro Roxo.
“A discussão sobre prematuridade é de grande importância para a sociedade. Os cuidados que a gestante precisa ter durante o acompanhamento da gestação, com pré-natal de qualidade alinhado aos avanços da medicina reprodutiva são fundamentais para minimizar a chance de um parto prematuro”, destaca.
É possível evitar um parto prematuro, principalmente através de um bom pré-natal, exames, informações e os cuidados durante a gestação. Depois de receber alta, o bebê, que veio ao mundo antes do esperado, pode levar uma vida normal. “É fundamental que esse bebê faça acompanhamentos para identificar alguns problemas relacionados à prematuridade, mas a grande maioria têm um desenvolvimento praticamente normal”, explica a médica neonatologista Danielle Pio.
Como o bebê precisa de cuidados intensivos durante sua internação, a Maternidade investe em capacitações constantes dos profissionais envolvidos na assistência. “O cuidado com o prematuro é a monitorização constante, evitar a perda de calor do bebê e manter a atenção diária. Também é importante ter a presença das mães na UTI Neonatal, uma vez que o contato pele a pele com o bebê é uma forma de desenvolver e criar laços entre mãe e filho” conta Cristiane Felix, de 39 anos enfermeira neonatologista da maternidade.
Os bebês internados na UTI Neonatal e na Unidade Intermediária receberam polvinhos de crochê produzidos e doados pela Capelania Materno-Infantil, que faz trabalho de acolhimento religioso aos pacientes. “Os tentáculos do polvo de crochê remetem ao cordão umbilical e ajudam a tranquilizar o bebê”, conclui a enfermeira.