*Thiago Rachid
Sou da seguinte opinião: de quem morreu não adianta mais falar dos defeitos, pois já não mais poderão ser corrigidos. Falecido no último domingo (11), o ex-prefeito Nelson Bornier tinha os seus defeitos, obviamente, mas não pretendo falar deles.
Alguns mais amargos poderão dizer: “morreu, virou santo”. Não, não é nada disso. Nelson Bornier não era santo e nem posava de santo, eis aí uma virtude dele que alguns de seus adversários na política não possuem. Bornier não fazia demagogia. Ele era como ele era e não tinha fingimento.
E como de nada adianta criticar se não podemos mais corrigir, vamos falar dos méritos, que podem inspirar e servir de exemplo. No caso do ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier há méritos a reconhecer. E muitos deles foram repetidos nas conversas desta semana pelos iguaçuanos, lembrado tanto por amigos, como por adversários.
Bornier era um sujeito de palavra. Se dava para fazer e ele prometia fazer, fazia. Se não dava para fazer, dizia que não dava. Ouvir um “não” provoca antipatia e há quem prefira ouvir o “sim” e ser enganado. Mas não era esse o método dele.
Além disso, ele foi o único prefeito dos últimos quarenta anos que ouviu e respeitou os comerciantes. Para não ser totalmente injusto, não se pode negar que seu sucessor Mario Marques também era solícito com a classe produtiva da cidade, mas sua passagem foi rápida. À exceção desses dois, os demais foram duros inimigos de quem produz.
Bornier sabia o básico: sem produção de riquezas não há empregos, não há impostos, não há obras, não há saúde, não há nada. E este é o ponto em que mais retrocedemos na administração pública de Nova Iguaçu. Há muito tempo o empreendedor não era tão maltratado como nos dias de hoje. E aí está uma virtude que precisa ser relembrada e imitada com urgência pelos próximos prefeitos, já que o atual é caso perdido.
Bornier era trabalhador. Suas jornadas de trabalho madrugada a dentro eram famosas. Recebia a todos. Escutava pacientemente. Tinha o contato direto com a população. Não se escondia, não se trancava em casa e nem fugia do contato com as pessoas.
Foi realizador. Sobretudo no seu primeiro mandato, o melhor mandato de um prefeito de nossa cidade até hoje. Montou uma seleção iguaçuana no secretariado e Nova Iguaçu avançou bastante após os três terríveis mandatos que antecederam o seu.
As minhas convicções pessoais a respeito da coisa pública, da maneira de administrar, de se relacionar com o Legislativo e de fazer campanha eleitoral são profundamente diferentes das de Nelson Bornier. Sua forma de agir era a que funciona na realidade da política. Eu não aceito um pragmatismo tão elástico. Mas votei algumas vezes nele e não me arrependo, pois os defeitos dos outros eram piores e vinham desacompanhados das virtudes que a oferta eleitoral daquelas ocasiões só oferecia em Nelson Bornier.
Que descanse em paz e que sua alma seja acolhida com misericórdia por Deus.
Crédito da foto - Agência de Notícias da Câmara dos Deputados.
*Thiago Rachid é advogado.