*Thiago Rachid
É muito óbvio dizer quer a morte acompanha o homem desde sempre. Porém, o passar dos séculos aumentou consideravelmente o lapso temporal entre a concepção e a morte. Aumentou tanto que as milenares lições sobre a vida e a morte acabaram esquecidas.
Ninguém pensa na morte. Ela parece distante. O ser humano vive hoje como se não fosse morrer. É desconfortável pra muitos lembrar que a morte é algo inevitável e que pode acontecer agora. Mas perder a perspectiva deste destino inevitável atrapalha muito mais do que ajuda.
“A morte é boa conselheira”, nos conta a sabedoria ancestral. “Memento mori” (“Lembre-se da morte”, em latim) é uma advertência ainda mais antiga. ”Recorda-te que és pó e em pó te hás-de tornar”, nos dizem as Escrituras já no Genesis 3, 19. Pensar na morte é uma recomendação que nos acompanha desde sempre na caminhada humana e não é à toa.
A pandemia da Covid-19 espalhou um pânico generalizado nos quatro cantos do planeta. O bafo da morte pareceu bem próximo de todos pela incerteza sobre o comportamento de um vírus que transformou o viver e o morrer em uma loteria ainda mais imprevisível do que sempre fora.
Estamos vivendo uma oportunidade de reflexão sobre a morte porque ela está ziguezagueando entre todos nós já faz um ano. E de vez em quando ela esbarra em algum de nós e leva embora.
A verdade é que todos deveríamos nos considerar em fase terminal de vez em quando. Sim, porque de fato estamos sempre em fase terminal e o fim pode chegar a qualquer momento, seja por doença ou por um vaso de planta caído de uma janela em nossas cabeças.
A perspectiva da morte nos proporcionaria condições de viver para o que realmente importa. Para que tanto dinheiro? Para que tanta importância para o que não importa nada? Por que tanta indiferença com a nossa alma imortal?
Lembre-se que você pode morrer a qualquer momento. Memento mori. Deixe o rancor de lado. Se você não gosta de alguém, fique longe, mas não guarde rancor. Você vai morrer e vai ficar tudo aí.
Lembre-se que você pode morrer amanhã. Memento Mori. Pare de fazer questão de detalhes, de centavos, de bobagens. Seu caixão não tem gaveta.
Lembre-se que você pode morrer antes de acabar de ler esse post. Memento Mori. Arrependa-se das bobagens que fez e peça perdão a Deus. Daqui a cinco minutos pode ser tarde demais.
Lembre-se da morte, mas não deixe de querer viver o máximo possível. Lembre-se da morte, mas não deseje-a para si, nem para ninguém. Lembre-se da morte para valorizar a vida. Lembre-se da morte para lembrar que o que importa é a Vida Eterna.
Lembre-se da morte e pare de pensar apenas nos vícios, nos desejos, nas ambições. Lembre-se da morte e valorize o que tem valor. Lembre-se da morte para lembrar do único que a venceu até hoje, que também é o único que poderá fazer você vencê-la um dia.
Memento Mori.
*Thiago Rachid é advogado.