A Prefeitura de Nova Iguaçu irá promover, a partir do dia 25 de maio, um projeto que ensinará defesa pessoal às vítimas de violência. Trata-se da Oficina Mulher Livre, uma parceria entre as secretarias municipais de Assistência Social (SEMAS) e de Esporte e Lazer (SEMEL) que ensinará jiu jitsu e kickboxing às mulheres, além de oferecer atendimento, acolhimento e empoderamento feminino.
A oficina terá quatro núcleos, sendo três deles nos Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) de Austin, Vila de Cava e Miguel Couto e um na Coordenadoria de Políticas para Mulheres (CPM), no Centro. As aulas serão ministradas pelos professores Rafael Pereira (kickboxing) e Glaciane Axt (jiu jitsu) e acontecerão sempre às terças ou quintas-feiras (dependendo do núcleo). Após a prática das artes marciais, as mulheres poderão participar de grupos de reflexão com assistentes sociais, psicólogos e advogados. A oficina terá seis meses de duração.
“Nosso objetivo é oferecer um serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, proporcionando o aprendizado das artes do jiu jitsu e do kickboxing e ajudar as mulheres a superarem a violência e violação de seus direitos”, explica a secretária da SEMAS, Elaine Medeiros, esclarecendo que a finalidade da oficina não é gerar um revide da mulher agredida. “Nosso intuito é que ela use as técnicas adquiridas para manter-se viva e romper o ciclo de violência”.
Por conta da pandemia, a SEMAS abrirá somente 15 vagas por núcleo, para que seja possível cumprir com as regras de ouro que evitam a disseminação da Covid-19. Futuramente, o projeto-piloto deverá ser levado para todos os CRAS da cidade e ter 40 alunas em cada um dos núcleos. As inscrições para a oficina podem ser feitas diretamente nos núcleos já confirmados. Para isso, basta que as mulheres estejam inseridas no Cadastro Único. Caso contrário, o cadastramento poderá ser feito no ato da matrícula.
DESAFIO ALÉM DAS ARTES MARCIAIS
As artes marciais serão ministradas pelos professores Rafael Pereira (kickboxing) e Glaciane Axt (jiu jitsu). Rafael, 23 anos, revela que seu principal desafio será romper o bloqueio natural das alunas. Ele acredita que a figura de um homem como professor poderá causar certa resistência e apreensão por parte das mulheres e espera conseguir conquistar a confiança delas durante a oficina.
“Será preciso desconstruir a imagem do homem como ser ameaçador e a partir disso ensinar a arte marcial”, explica Rafael.
Glaciane Axt, 31 anos, conta que suas conquistas pessoas foram graças a arte marcial e quer dar às mulheres a oportunidade de se tornarem independentes.
“Muitas delas podem não ter renda e depender financeiramente do agressor. Com a oficina, quero proporcionar não somente o aprendizado da defesa pessoal, mas de uma profissão que gera renda e abre caminhos, assim com abriu os meus”, conta Glaciane, que também é árbitra, professora de Educação Física, cursa mestrado e tem curso de primeiros socorros no currículo.
Seja por meio do jiu-jitsu ou do kickboxing, tanto Rafael quando Glaciane afirmam que todas as artes marciais, apesar de suas especificidades, são complementares e igualmente importantes quando se trata de defesa pessoal. Mas fazem um alerta: não se deve utilizar o aprendizado para brigar, mas sim para se defender em momentos críticos e escapar de uma situação de risco de vida.