Relatos impactantes, histórias de violência e violação dos direitos humanos. Mas também falas de conquistas e de lutas vitoriosas. Assim o Fórum para Celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, queer, intersexuais, assexuais, pansexuais e não-binários), organizado pela Câmara Municipal de Nova Iguaçu ficará registrado como o dia em que a lgtbfobia foi combatida com o orgulho de cada pessoa ser o que quiser.
Com o plenário lotado e várias autoridades presentes, o Fórum abriu espaço para vários painéis de debates. Mãe de um filho gay, a primeira palestrante, professora da UFRRJ, advogada, membro do Grupo Mães da Resistência e vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/NI, foi a Dra. Talita Menezes que defendeu a ideia de que todos os grupos discriminados pela sociedade, mulheres e negros aí incluídos, devem estar juntos para a busca de representatividade, de direito e de fato. “Infelizmente no Brasil não temos uma legislação que protege a população LGBT. Todas as decisões, quando uma violação acontece, vêm de ações dos próprios juízes. O Brasil ainda é o país que mais mata esta população. E na via do contraditório, também é o pais que mais consome vídeos de pornografia LGBT”, explicou Dra. Talita.
Elaine Medeiros, secretária de Assistência Social de Nova Iguaçu, falou sobre as ações do Executivo para garantir os direitos dos LGBTs. “A Prefeitura hoje tem um equipamento, que é a Coordenadoria do Centro de Cidadania LGBTQIA+ - Baixada III, onde trabalhamos os temas que garantam dignidade para estas pessoas, e também moradia, segurança alimentar, tratamento de saúde”, afirmou.
A ativista do movimento trans de São Paulo, Jogê Pinheiro, jornalista, também formada em Educação Física, relatou toda sua trajetória de vida, nada fácil. “Para estudar eu precisava levar um porrete comigo para me defender dos abusos. Nunca fui aceita pela minha mãe, mas continuo minha caminhada, buscando ser quem eu sou. Só assim consigo ser feliz”. Casada há 30 anos, Jogê acredita que a união das maiorias discriminadas é o caminho para que os direitos sejam garantidos.
Dr. Wagner Chilinque, da Comissão Especial de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB de Nova Iguaçu, falou sobre a importância de haver agentes políticos junto com a população LGBT para que uma legislação justa seja construída. “Precisamos eleger quem não nos discrimina”.
Cátia Cilene, coordenadora do Centro de Cidadania LGBTQIAPN+ - Baixada III, falou sobre o funcionamento do Centro e seus avanços: "Em agosto deste ano completamos 2 anos de existência, e hoje posso dizer que temos uma rede maravilhosa. A Secretaria de Saúde já cuida das especificidades de cada um de nós. Temos atendimento psicológico, assistência social, num total de 1.850 atendimentos realizados. Nossa luta agora é para conseguirmos uma casa de acolhimento”, disse.
O presidente da CMNI, Dudu Reina, apresentou o projeto de lei de sua autoria, já votado em definitivo, que cria o Programa de Apoio e Acolhimento de Pessoas LGBTQIAPN+ em situação de violência e/ou vulnerabilidade social. “Com este Programa já podemos requerer a construção da casa de acolhimento”, comemorou. Dudu lançou um desafio para Cátia: eleger um representante da população LGBT para o legislativo municipal.
O Fórum aconteceu na última terça-feira, dia 28, e contou com a presença do presidente da OAB/NI, Hilário Franklin; Jorge Pinheiro, secretário da Defesa Civil de Nova Iguaçu; Dra. Andrea Sepulveda, defensora pública do 5º Núcleo Regional de Tutela Coletiva; Dra. Maria Camardella; Mirian Magali, superintendente de Políticas para Mulheres de Nova Iguaçu; Sonia Lopes, coordenadora da CIAM da Baixada; Tiago dos Santos, da rede de adolescentes e jovens vivendo com HIV/Aids do Rio de Janeiro; pastoras Simone e Aline, da Igreja Ministério Profético IAVE; Eugênio IBiapino, militante e ativista da causa; Kléber Luiz Gonzaga, diretor da Diretoria de Direitos Humanos de Nova Iguaçu; Neno Ferreira, presidente do Grupo Agani; Shirley Maria, coordenadora da casa de Acolhimento Dulce Seixas; Robson Alves, diretor do Grupo Ellos; Pedro Silveira, diretor do Grupo Ellos e assistente social; Nátalia Stoco, pedagoga e do Grupo Ellos; Lilás Campbell, diretor do Grupo Ellos; Bárbara Sheldon, superintendente de Diversidade Sexual de Nilópolis; e Ana Soares, presidente do Grupo Ellos (Emancipação e Luta à Livre Orientação Sexual).