Nasceu em Piracicaba, na mesma rua onde nasceu também Ademar de Barros, atual Governador de São Paulo. Criado numa fazenda de café, aos oito anos começou seus estudos. Cursou a Escola Normal e, ainda como estudante, começou a lecionar num estabelecimento de ensino para filhos de operários. Foi o primeiro professor nomeado para reger uma escola em Cachoeira Paulista e, mais tarde, designado professor da Escola de Marinheiros no Rio de Janeiro. Tempos depois, incluiu-se entre os formandos da 1ª turma da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil. Estes são fatos desconhecidos de um conhecido homem público: Dr. Sebastião de Arruda Negreiros, que nos distinguiu com a entrevista de hoje:
CL – Sinceramente, Dr. Arruda, é bom ser prefeito?
- Para quem tem amor ao Município e tenciona realizar obras edificantes para este mesmo Município, sim. Mas é um cargo que se torna muito pesado devido às injunções políticas e à falta de compreensão de muitos.
CL – Em poucas palavras e, obviamente, com isenção de ânimo, como focalizaria a política e administração iguaçuanas?
- De modo geral o Município de Nova Iguaçu tem sido muito infeliz porque os políticos não têm feito valer o seu prestígio nem o do Município em benefício da coletividade. Em face da nossa posição invejável, temos o direito de exigir todos os melhoramentos de que necessitamos. O governo estadual arrecada bilhões nesta terra e acaba por empregá-los em outros municípios.
CL – Tendo dirigido os rumos deste Município por três vezes, poderia nos dizer do maior problema administrativo em nossa terra?
- Não existe um problema principal, mas, sim, uma série deles: instrução pública (que está abaixo de zero), pavimentação de ruas e estradas com os indispensáveis serviços de águas e esgotos, extensão da rede elétrica a todas as ruas construídas, abastecimento d’água...
CL – Qual foi sua maior alegria e maior decepção como administrador municipal?
- A maior alegria foi no dia 31 de março de 1935, quando inaugurei o Hospital de Iguaçu. Quanto à maior decepção, esta foi ocasionada pela incompreensão de alguns políticos e por alguns elementos do povo que tiveram seus interesses contrariados e não souberam aquilatar o benefício que eu estava prestando ao bem público.
CL – O calçamento da primeira rua na Baixada Fluminense, a abertura de diversas estradas, a iluminação elétrica neste e em outros municípios, uma transformação radical do que havia foi efetuada por volta de 1930, quando o senhor governava. Por que não é possível se fazer outro tanto nos dias atuais?
- A verdade é que, quando fui nomeado, aqui cheguei como interventor e contava com o apoio integral do Governo do Estado. Além do mais, naquela época não havia Câmara, nem pressões políticas, por isso foi possível a realização de muito mesmo com os poucos recursos que possuíamos.
(Íntegra da entrevista concedida ao CL na seção “O Domingo é nosso”, publicada na página 8 da edição de 1 março de 1964)