FESTIVAL DE DANÇA "O CORPO NEGRO" ESTÁ EM CARTAZ NO SESC NOVA IGUAÇU COM MOSTRA AUDIOVISUAL, OFICINAS E ESPETÁCULO

O festival de dança "O Corpo Negro", realizado pelo Sesc RJ, começou na última terça-feira (9), em Nova Iguaçu. A programação gratuita apresenta uma mostra de filmes, oferece oficinas de dança e apresenta o espetáculo “Manifesto Elekô”, da companhia de dança Clanm. Os ingressos devem ser retirados antecipadamente na unidade do Sesc no município.

Na terça-feira (9), a mostra audiovisual começou, às 9h30min, com o documentário "Congar", que registrou a viagem do Reinado de Nossa Senhora do Jatobá, de Belo Horizonte para o Rio, para apresentação no festival ano passado. A obra mostra diferentes gerações da irmandade, que levam consigo os seus ritos e celebram juntos a fé, a memória e o tempo. Em seguida, às 14h, serão exibidos os curtas "SETA" e "Vaga Carne". Já às 18h, será feita a exibição de "Negrum3" e o clássico "A Rainha Diaba".

A mostra continua na quinta-feira (11), com o filme "Dama do Samba", que terá exibições às 9h30min e às 18h. A obra retrata a presença feminina na criação, manutenção e perpetuação do Carnaval carioca. São musas, compositoras, passistas, madrinhas, carnavalescas, mulatas, intérpretes e até mesmo operárias que formam um painel de cores, sentimentos e sons na representação dessa cultura.

No mesmo dia, às 14h, serão exibidos os curtas "Ilhas de Calor", "Elegbará" e "Só Sei Sentir".

No próximo sábado (13), às 19h, o teatro do Sesc Nova Iguaçu receberá o espetáculo de dança “Manifesto Elekô”, da companhia Clanm, que no trabalho propõe uma relação entre o mito de Obá e as mulheres negras contemporâneas. Obá, orixá considerada mais retinta e a mais bela do panteão yorubano, conhecida como a deusa do ébano, liderou Elekô, uma sociedade restrita a mulheres, guerreiras, destemidas e feiticeiras, unidas pela preservação de suas tradições e da terra.

Obá cresceu como um homem dominando o manejo das armas, lutou e venceu guerras. Ao longo de sua trajetória foi enganada, violada, perseguida, cativada e abandonada, aprendeu o manejo com armas, o arco e a flecha, foi acolhida e acolheu, liderou, ensinou e amou de forma pura e visceral. E por ser mulher, incompreendida. Suas conquistas foram pouco reverenciadas e sua história quase apagada.

O espetáculo de 60 minutos propõe um encontro afrodiaspórico em que bailarinas e músicos emocionam e proporcionam conexões profundas, com releituras de cantos tradicionais yorubás, percussão, violino e violoncelo. A dança tradicional dos orixás se une ao contemporâneo em uma fusão de corpos e instrumentos, onde o corpo toca e o batuque dança. Em formato de poesia esse manifesto convida todas as mulheres negras a falar.

A companhia de dança ainda vai oferecer, um dia antes do espetáculo, na sexta-feira (12/05), às 15h, a oficina de dança afro “O corpo da ancestralidade à contemporaneidade”. Outra oficina será realizada nos dias 23, 24 e 25 de maio, às 15h, pelo Mestre Manoel Dionísio, um dos principais nomes do carnaval carioca, sobre mestre-sala e porta-bandeira.

ARTISTAS NEGROS SELECIONADOS POR EDITAL PÚBLICO

O festival "O Corpo Negro" começou no dia 29 de abril, no Rio, com apresentação gratuita de espetáculos criados e executados por artistas negros e negras. Realizado pelo Sesc RJ, o evento chega a sua terceira edição com mais de 90 apresentações, shows, mostra audiovisual, oficinas e debates, ao longo de um mês, selecionados por meio de um edital público. Além de Nova Iguaçu e Rio, a programação se estende até 28 de maio nas cidades de Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis e Volta Redonda. Confira a programação completa em www.ocorponegro.com.br.

SERVIÇO

Festival de dança "O Corpo Negro". Do dia 9/05 (terça-feira) ao dia 25/05 (quinta-feira). Sesc Nova Iguaçu (Rua Dom Adriano Hipólito, 10, Moquetá). Entrada franca, com retirada de ingressos no local com lotação limitada.