Uma fotografia da política iguaçuana à guia de análise de cenário para a disputa de 2024
*Thiago Rachid
As eleições de outubro de 2024 estão distantes, mas as especulações já começaram em Nova Iguaçu. Tentando emplacar seus nomes, muitos postulantes à candidatura a prefeito começam a plantar aqui e ali as sementes do que pode vir a ser uma chapa na disputa. Para auxiliar a compreensão, ofereço uma primeira análise de cenário para a eleição iguaçuana de 2024, ainda que resumida. Não vai aqui qualquer juízo sobre o cenário, trata-se apenas de uma análise objetiva.
Boatos, outdoors com mensagens do Dia dos Pais, notas plantadas em blogs amigos, e até na imprensa da capital começaram a circular com mais força neste início do mês de agosto, a um ano das convenções partidárias. Mas, ao contrário do que possa parecer, toda essa especulação não ajuda a compreender o cenário, pois há também mentiras e fantasias que rolam nos bastidores.
UM RESET NA POLÍTICA IGUAÇUANA – Antes de mais nada, para entender o quadro que se desenha para 2024 é preciso que a análise de cenário comece destacando um dado importante. É que essa eleição será uma espécie de ”reset” em se tratando de grandes nomes na política de Nova Iguaçu.
Os ex-prefeitos Nelson Bornier e Mario Marques faleceram. Rogerio Lisboa completa seu segundo mandato e está fora da disputa. A ex-prefeita Sheila Gama não faz mais política na cidade. Lindbergh Farias virou golfinho: aparece, faz uma graça e desaparece. E a probabilidade de se sua candidatura é remota.
Além disso, outro dado relevante a se considerar é de que será uma eleição ainda mais cara do que de costume. Afinal, qualquer um que a dispute será em alguma medida desconhecido de parte da população, já que não há nenhum ex-prefeito na disputa. Não há um nome de dimensão municipal ampla.
A CANDIDATURA DA MÁQUINA – O favoritismo é da máquina. Apesar de um governo morno, Rogerio Lisboa se beneficiou de grandes empréstimos autorizados pela Câmara e dos recurso oriundos da concessão da CEDAE.
Noves fora o debate válido e necessário sobre a má qualidade dos gastos na sua gestão, o atual prefeito tem razoável aprovação. Além disso, tem a máquina em sua mão, apoio de grupos econômicos poderosos, como as empresas de ônibus, e alianças políticas que viabilizam uma candidatura competitiva do seu escolhido para a sucessão.
Se a eleição fosse hoje, não tenhamos dúvida, o escolhido de Rogerio Lisboa seria o vereador Eduardo Reina Gomes de Oliveira, o Dudu. De família tradicional da cidade e com temperamento tranquilo, Dudu Reina tem construído bom trânsito nos bastidores, mas terá que enfrentar o desafio das ruas.
Eduardo Reina também parece gozar da simpatia do secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira Jr., o Dr. Luizinho, uma outra liderança política da cidade que agrega peso a sua pré-candidatura.
Correndo por fora para a indicação da coalizão governista, o deputado federal Juninho do Pneu também é um nome possível na disputa. Com capacidade para buscar investimentos na sua campanha e com bom trânsito nos bastidores, o deputado não é carta fora do baralho. E está articulando à maneira do seu temperamento quieto, comendo pelas beiradas.
DIREITA E ESQUERDA TAMBÉM ESTÃO VIVAS – Para criar um fato político, o PT promoveu um banquete no Patronato, no último sábado, 5 de agosto. Eufemisticamente chamada de “Seminário”, a feijoada servida aos petistas presentes (que segundo as fake news dos blogs amigos eram “milhares”) serviu para alimentar especulações sobre uma candidatura de Lindbergh Farias, que não irá acontecer.
Ainda que venha a frustrar os desejos da militância petista para as candidaturas a prefeito de Lindbergh e do ex-prefeito de Paracambi, André Ceciliano, o PT recolocou-se nos boatos (e nas conversas) sobre eventuais alianças. A maior probabilidade no momento é que o PT componha com algum outro grupo político, sem encabeçar uma chapa.
Pela direita, o nosso Partido Liberal, que ora presido na cidade, mantém a prudência, prezada por nós, conservadores. Compreendemos que a distância para o pleito dá a oportunidade à reflexão, à análise e à construção de um projeto e uma estratégia para a eleição municipal. Não há, portanto, decisões a serem tomadas quanto ao caminho ou a nomes. Mas temos consciência de que, como o maior partido do Brasil, deveremos ter papel decisivo no processo eleitoral.
OUTROS NOMES ESPECULADOS – Como está claro, o momento atual é de especulação e também de construção para os postulantes. Logo, o cenário favorece aqueles que planejam colocar seus nomes na disputa, pois como dissemos acima, o momento é de “reset”.
E, ao que parece, um nome que une passado e presente pode ser apresentado aos eleitores. O empresário e jornalista Mario Marques, filho do ex-prefeito de quem herdou o nome, pode estar pintando como candidato ou, pelo menos, pré-candidato. Uma mensagem de feliz Dia dos Pais assinada por Mariozinho tem sido exibida em outdoors eletrônicos da cidade.
Com experiência em marketing e estratégia política, sua área de atuação profissional, Mario Marques pode se tornar um candidato viável. Afinal, já parte na corrida com o nome de um ex-prefeito e com a sua própria experiência empresarial. E ainda conta com apoios como o do ex-governador Garotinho e do deputado federal Otoni de Paula.
Outro empresário também sonha com a cadeira de prefeito. No comando do União Brasil no município, um dos maiores partidos do país, Clébio Lopes, o popular Jacaré, também pode pintar na disputa. Em outdoors espalhados pela cidade, Jacaré saúda os pais pelo seu dia e deixa claro que quer ser o “pai de Nova Iguaçu”.
Além destes, o Partido Novo também deverá ter candidato na cidade. Outros partidos ainda não sinalizaram claramente como atuarão na eleição iguaçuana de 2024.
ELEMENTOS AUSENTES DESTA ANÁLISE – Por fim, destaco que deveríamos ainda considerar para uma análise de cenário mais completa o papel dos deputados estaduais e federais que têm representatividade na cidade. Nomes como o deputado federal Hélio Lopes, Rosangela Gomes (ora secretária de Estado) e os estaduais Anderson Moraes, Felipinho Ravis e Elton Cristo. Além do próprio governador e dos senadores. Todos fazem parte dessa grande engrenagem política, porém, como disse no início, trata-se de uma análise resumida.
Portanto, apenas em um artigo muito longo poderíamos esmiuçar as muitas influências dentro e, também, fora da política, que pesam nesse xadrez do poder municipal.
UMA OBSERVAÇÃO – É preciso compreender que a análise de cenário é sempre uma fotografia de um determinado momento, é estática, mas a política é um filme, em constante movimento. Então, tudo pode mudar. Aliás, como sempre digo: em Nova Iguaçu, tudo pode acontecer. Inclusive, nada.
*Thiago Rachid é presidente municipal do Partido Liberal (PL), advogado e empresário.