Moedas de 1869 do período do Império e moeda da “Era Getúlio Vargas”, fragmentos de faianças portuguesas e inglesas, cerâmicas vidradas, fragmentos de vidros, frascos de remédio e de perfume, cachimbos de barro com grafismo africano, figa, talheres, adornos e metais. Todo esse material de riquíssima importância histórica foi encontrado em recentes escavações feitas no poço público da antiga Vila de Iguassú, localizada no Parque Histórico e Arqueológico de Iguassú Velho. Essa é a segunda área explorada pela equipe de arqueólogos da Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu, que, em abril, já tinha iniciado a escavação na área da Câmara e Cadeia da antiga Vila de Iguassú.
Na escavação da área do poço, construído em meados do século XIX durante uma crise hídrica na cidade e no Estado do Rio, os arqueólogos da Superintendência de Pesquisas Arqueológicas de Nova Iguaçu encontraram remanescentes de paredes de tijolos maciços e um calçamento feito de pedras e tijolos maciços. A poucos metros da área de escavação do poço, foi aberta uma trincheira de 13 metros ao longo da Estrada Real do Comércio. O intuito é identificar remanescentes de alicerces que comprovem a presença de moradias na região naquela época e trazer informações sobre o cotidiano das pessoas.
“A partir dessas louças e de outros utensílios históricos, analisamos as questões culturais, econômicas e de poder, pois existem peças que possibilitam compreender as relações sociais e as hierarquias da época. As faianças inglesas que encontramos, veio com a abertura dos portos do Rio de Janeiro no início do século XIX com a chegada da família real. Tem muitos produtos vindos da Europa para o mercado brasileiro. Estamos encontrando materiais históricos riquíssimos aqui”, afirmou Diogo Borges, mestre em arqueologia pelo Museu Nacional, que iniciou a escavação após autorização dada em abril pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Após o processo de escavação, os materiais arqueológicos são encaminhados para o laboratório de arqueologia na Secretaria Municipal de Cultura para serem tratados dentro dos padrões técnicos. “As análises são feitas para identificar os tipos de materiais, técnica decorativa, morfológica da peça, período de fabricação e funcionalidade. Passando por todo um processo de análise quantitativa e qualitativa, para depois serem armazenado em nossa reserva técnica, devidamente acondicionada para sua preservação”, explicou Diogo Borges.