No mês de mobilização internacional pela luta contra a Aids, a Prefeitura de Nova Iguaçu deu um importante passo no combate à doença, com a recomendação que os médicos solicitem, nos pedidos de exame de sangue de rotina ou para cirurgias eletivas, a testagem para detecção de HIV. A determinação é para todas as unidades de saúde do município e entra em vigor a partir desta sexta-feira (1°). O objetivo é identificar e tratar, precocemente, casos de infecção pelo vírus.
O município também recomenda a realização dos exames para detecção do HIV em diversos serviços oferecidos por unidades da Atenção Primária em Saúde. Entre eles estão: as salas de espera dos Programas de Saúde da Família (PSF) e dos exames ginecológicos de preventivo. A medida também se estende às pacientes grávidas que devem ser testadas três vezes durante o pré-natal, e puérperas que estão em aleitamento materno, com testagem a cada três meses até terminar de amamentar.
“Nossa proposta é identificar os pacientes que estão portadores do vírus HIV e encaminha-los para o tratamento nas unidades referenciadas de Nova Iguaçu. Hoje, o HIV tem um tratamento eficaz, permitindo que a pessoa tenha uma vida normal”, ressalta o secretário municipal de Saúde, Luiz Carlos Nobre Cavalcanti.
A decisão foi tomada após a Prefeitura constatar que pacientes que vivem com HIV estão chegando com quadros de saúde graves à emergência do Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI). Muitos apresentam infecções associadas, como pneumonia e tuberculose, e precisam de internação. Atualmente, aproximadamente 5% da capacidade instalada do HGNI é dedicada para atender pessoas que apresentam complicações por AIDS ou doenças oportunistas. Todos os pacientes que vivem com a infecção pelo HIV têm, por obrigação, a preservação do sigilo sobre suas condições de saúde, conforme a Lei n° 14.289, de 3 de janeiro de 2022.
Nova Iguaçu conta com o Centro de Saúde Vasco Barcelos e o ambulatório de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) do HGNI para atender casos de AIDS/HIV. Em média, oito mil pacientes portadores do vírus já foram atendidos em ambas unidades, entre adultos, gestantes, adolescentes, crianças e até mesmo bebês infectados, que chegam da Baixada Fluminense e de outras regiões do estado do Rio de Janeiro.
“Cerca de 40% dos pacientes chegam com Aids em fase avançada. Nosso ambulatório é polo do Ministério da Saúde e oferece assistência especializada. Conseguimos ter agilidade para determinados exames para fazer o diagnóstico e iniciar o tratamento imediatamente”, explica a médica Aline Ramalho, coordenadora do departamento de IST do HGNI.
GRUPO DE ENGAJAMENTO COMUNITÁRIO
O ambulatório de IST do HGNI criou o grupo “Gotas de Vida” para manter o monitoramento de crianças, gestantes e bebês com HIV, ou expostos ao vírus. Este projeto busca ampliar a comunicação entre os profissionais de saúde com os pacientes através da criação de grupo de mensagem por aplicativo, sala de espera com encontros presenciais e distribuição de doações recebidas. Caso seja identificado algum menor de idade que tenha faltado às consultas, o Conselho Tutelar é acionado.
"A proposta é garantir que todos os casos sejam acompanhados de perto e tratados”, completa Aline.