Candidato acredita que a Cultura e a Educação são forças potentes de transformação
*Almeida dos Santos
Formado em Direito pela UFRRJ (campus Nova Iguaçu), depois de interromper o curso de Turismo para expandir os seus conhecimentos no universo jurídico, o candidato ouvido pela reportagem do CL esta semana é Nurynho. Ele se apresenta como alguém que, caso eleito, quer fazer do seu mandato um canal de potencialização da voz periférica na Câmara Municipal de Nova Iguaçu. Explica que entende a importância da criação de um “Gabinete Popular Itinerante” como uma espécie de “ouvidoria do mandato”, ocupando espaços como praças públicas, agindo de forma a “ouvir, o mais próximo possível, a voz da população na colaboração participativa de propostas capazes de construir uma administração pública mais inclusiva e participativa”. Ainda sobre inclusão, o candidato ressalta que se eleito, pretende intensificar a fiscalização nos espaços públicos e privados observando as leis de acessibilidade para amenizar o que ele considera “uma forma de isolamento das pessoas portadoras de deficiência (PcD), o que é uma injustiça que precisa ser duramente combatida”.
Nurynho é um jovem que também transita entre o mundo acadêmico e o mundo popular. E antes de entrar para política já desenvolvia um projeto social conhecido como “Sementes da Uva”, um pré-vestibular comunitário oferecido pela Escola de Samba Império da Uva de Nova Iguaçu, do qual é presidente do Conselho Deliberativo, e que gerou muitas possibilidades para que jovens carentes pudessem viver o sonho de ingressar em uma universidade pública. Esta ação solidária para a qualificação de jovens é também uma das marcas que ele carrega e que se orgulha.
Reconhecendo nas manifestações e nas tradições populares, como o Carnaval, a Folia de Reis, as festas juninas, entre outras contribuições significativas de um povo no fortalecimento do sentimento de pertencimento, além da integração das comunidades em encontros de atividades socioculturais e esportivas. “No dia que olharem para o Carnaval como um agente de transformação social e não só festivo, entenderão que o espaço do samba é também um espaço de integração e comunhão entre os moradores de uma localidade. E faz serviços que vão além. As agremiações servem para reunir a comunidade não só nas questões carnavalescas. É um espaço para oferecer cursos e quando há uma calamidade também servem para oferecer serviços comunitários”, disse Nurynho, apontando que escola de samba também faz o papel de “escola de solidariedade comunitária”. Conta que o seu empenho pela volta da realização dos carnavais em Nova Iguaçu tem um olhar que não enxerga apenas a tradição da festa, mas o fortalecimento das agremiações que muitas vezes servem de espaços de solidariedade e locais oportunos para a formação de jovens.
Esse é Nurynho, candidato a vereador pelo PDT que, com a vitalidade dos seus 29 anos, entende que quando se fala em futuro, é necessário ouvir a opinião da juventude na construção de políticas públicas para o presente e, é claro, para o futuro. E para quem imagina que a sua relação com a política se dá somente agora, engana-se. Nurynho tem no histórico de vida a experiência de uma vivência familiar com a política, como o caso do seu tio Nagi Almawy que foi vereador na Câmara por inúmeros mandatos. Em 2020, em pleno processo eleitoral mergulhado no período da pandemia, com apenas 25 anos, concorreu ao cargo de vereador, obtendo nada mais nada menos uma votação de 1.164 eleitores, disputando pelo Partido Verde (PV). Foram votos conseguidos enfrentando dificuldades econômicas, além de uma estreia no mundo eleitoral em um período de turbulência mundial devido à pandemia da Covid-19.
“Se eleito, não quero que o mandato seja visto como se fosse somente meu. Muito pelo contrário. Quero que as pessoas se sintam incluídas nele. Sei o quanto é difícil para elas irem a Câmara para fazer suas reivindicações ou mesmo saber o que tem sido discutido por lá. Por essa razão, quero levar para as comunidades os assuntos que têm sido tema nos debates que acontecem na Casa do Povo. Quero ouvir a opinião delas e representá-las como um verdadeiro porta-voz”.
Um dos assuntos que incomoda o candidato e que terá nele um aliado na luta é contra intolerância religiosa. Nurynho acredita que a realização de audiências públicas é uma forma de chamar atenção para um assunto que vem tomando proporções alarmantes quando se trata de preconceito. “Não cabe em um mundo com tanta guerra, vermos a intolerância religiosa atingir tantas pessoas. O respeito pela fé alheia não é favor, é dever. Estamos atravessando um tempo que as pessoas se veem atacadas pela sua fé. Isso sem contar o quanto nos assusta essa onda crescente de feminicídio. Temos que discutir e chegar a um entendimento de como combater crimes como estes. Pessoas com sua fé em matrizes africanas também precisam se sentir representadas na Câmara e me coloco à disposição delas. Vamos lutar para vencer o ódio”, finalizou.