UM PATRIMÔNIO ELEITORAL CONSTRUÍDO EM GRUPO - Correio da Lavoura

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13 de nov. de 2024

UM PATRIMÔNIO ELEITORAL CONSTRUÍDO EM GRUPO

*Almeida dos Santos


A vitória de Dudu Reina (PP), após uma decisão judicial, eleva a sua consagração ao patamar de 87% dos votos válidos, isso no primeiro turno. Esse resultado mostra a força política de Rogerio Lisboa e sua capacidade de transferência de votos, além da estratégia adotada durante a campanha. Mas esse não é o fator principal para que Dudu entre história com o maior percentual de votos válidos em uma eleição recente na cidade. A unidade da Câmara no entorno do seu nome e sua administração no Poder Legislativo, sendo o presidente que deu fim a uma dívida que se arrastava por anos, referente ao aluguel do prédio, deu a Dudu a grandeza com a qual saiu dessas eleições. É claro que o marketing e a comunicação colaboraram, mas é preciso ver que Dudu teve um processo longo para ser conhecido pelo eleitorado e sua conduta foi estrategicamente vencedora.

Enquanto alguns candidatos já estavam com as suas pré-campanhas nas ruas, houve um momento que muita gente questionava se Dudu seria mesmo o indicado de Lisboa na sucessão municipal. Boatos surgiram e até indicavam que aliados de Dudu estariam liderando a indicação do grupo político de Rogerio Lisboa na corrida pela Prefeitura. Mas pouca gente sabia que Dudu tinha certeza de que seria ele o escolhido e não se precipitou no tempo.


Boatos, dos mais variados sentidos, envolviam ele e sua vice, sempre dizendo que Dudu estaria cumprindo um papel de ocupação de espaço que seria preenchido por outros. Sabemos que essa disputa interna provocava rumores e essas tais fake news. Enquanto isso Dudu seguia fazendo o seu papel institucional e aguardando o momento certo para se declarar como candidato do prefeito. Essa espera se deu até o momento em que o próprio Rogerio, não tendo mais como adiar o anúncio, apontou Dudu como seu sucessor.

Passada essa fase, muitos reclamavam a presença do prefeito nas caminhadas de Dudu. Inclusive, reclamavam da demora nas caminhadas. Mas tanto Dudu quanto Rogerio Lisboa sabiam exatamente o “time” da disparada na corrida eleitoral. E essa estratégia deu certo, tal decisão foi acertada que Dudu venceu no primeiro turno com uma votação declarada, naquele momento, de 74,77%. Mas com a decisão da Justiça Eleitoral, posterior à eleição, de não contabilizar os votos do candidato Clébio Jacaré (União Brasil), Dudu Reina viu aumentar o seu percentual de votos válidos para algo na casa de 87%, consagrando-se como o prefeito eleito com a maior votação nas urnas nas últimas eleições. Um recorde difícil de ser quebrado brevemente.

Escrevo isso por ter acompanhado de perto essa paciência e a confiança de Dudu na sua estratégia de campanha. Ele cresceu na hora certa e estava em ascensão, mas liquidou o jogo no primeiro turno, mesmo que contabilizados os votos de Clébio Jacaré, com 3/4 dos votos válidos. Agora essa porcentagem aumentou em razão da anulação dos votos de Jacaré e Dudu quase bate no teto com aproximadamente 87% dos votos válidos.

Dudu tem pela frente assumir um governo com um alto índice de aprovação materializada em votos. Terá, também, a necessidade de manter um grupo unido entorno de um projeto de continuidade de desenvolvimento da cidade. Sendo prefeito de uma das cidades mais importante da Baixada Fluminense, Dudu também será uma espécie de referência regional para, caso queira, retomar o funcionamento da Associação de Prefeitos da Baixada Fluminense, se entender que deve, é claro. Mas isso não tira dele a figura de importante peça política regional e que saiu das urnas em 2024 com a maior votação da história recente da cidade construída por um grupo. E Rogerio Lisboa? Este sai tão forte quanto o Dudu.

*Almeida dos Santos é jornalista.